O dia em que Pedro II sofre atentado e o Império do Brasil é abalado
Essa foi uma tragédia que antecedeu a Proclamação da República

Na noite do dia 15 de julho de 1889, uma segunda-feira, um evento chocante abalou a capital do Império Brasileiro. O imperador Dom Pedro II, ao sair do Teatro, foi alvo de um atentado que quase tirou sua vida. O jovem Adriano Augusto do Valle, conhecido por suas ideias republicanas radicais, disparou contra o monarca, causando grande alvoroço.
Pedro II estava acompanhado de membros da família imperial e da corte, assistindo a uma peça teatral que celebrava a cultura e a arte. Ao término da apresentação, enquanto a comitiva se preparava para deixar o teatro, um tiro ecoou pela rua, criando pânico entre os presentes.
O tiro foi disparado após a carruagem imperial ter partido do Teatro Sant'Anna (hoje Teatro Carlos Gomes), enquanto passava em frente ao restaurante Maison Moderne na Praça da Constituição (atual Praça Tiradentes), entre a rua Espírito Santo (atual Rua Pedro I) e a Travessa da Barreira (atual Rua Silva Jardim). Em seguida a carruagem seguiu pela Rua da Carioca em direção ao Paço Imperial. Felizmente, o projétil atingiu o ombro do imperador de raspão, não causando ferimentos graves.
A tentativa de assassinato gerou uma onda de indignação e medo. O atirador conseguiu fugir, porém, foi mais tarde capturado pela polícia e reconhecido como Adriano Augusto do Valle. Durante o momento de sua prisão, estava embriagado em um bar, onde diante de outros fregueses, vangloriava-se de ter atirado contra o imperador. Também afirmava que o faria de novo, por ter errado o disparo.
O imperador, apesar do ocorrido, decidiu não levar o processo adiante, pois o objetivo do imperador era impedir uma grande repercussão do ocorrido e com isto, o movimento republicano ganhar mais moral e destaque, além, de impedir futuros atentados.
O autor do disparo, nascido em Portugal, era um caixeiro desempregado. Tinha 20 anos. Apesar dos gritos que enalteciam a república, Adriano não possuía qualquer ligação com o movimento republicano.
Adriano faleceu no dia 30 de março de 1903, com 36 anos de idade, viúvo, agrimensor, residindo no município de Miracema, noroeste do estado do Rio de Janeiro, de tuberculose pulmonar, sendo sepultado no cemitério público de Miracema.
O atentado ocorreu em um momento de crescente instabilidade política e econômica no país. A saúde de Pedro II vinha se deteriorando, e sua popularidade estava em declínio, especialmente entre os militares e a elite política que clamavam por uma república.
Este atentado é considerado por muitos historiadores como um dos eventos que precipitaram a Proclamação da República, que viria a acontecer poucos meses depois, em 15 de novembro de 1889. A tentativa de assassinato evidenciou a fragilidade do império e a insatisfação de diferentes segmentos da sociedade com a monarquia.
A segurança do imperador foi reforçada após o incidente, mas o atentado já havia deixado uma marca indelével na história do Brasil. A narrativa da noite de 15 de julho de 1889 permanece como um testemunho da turbulência política que culminou no fim do Império e no nascimento da República Brasileira.
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