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Petrópolis,13/12/2024

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Tempestade do século devasta Valência e deixa ao menos 95 mortos na Espanha

Chuvas torrenciais caíram durante oito horas com intensidade semelhante ao volume esperado para um ano inteiro


Tempestade do século devasta Valência e deixa ao menos 95 mortos na Espanha Foto: Reprodução / Redes Sociais
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A região de Valência, na costa leste da Espanha, foi palco de uma catástrofe sem precedentes, causada pela chamada "tempestade do século", que resultou em ao menos 95 mortes e deixou dezenas de desaparecidos. Chuvas torrenciais caíram durante oito horas com intensidade semelhante ao volume esperado para um ano inteiro, desencadeando inundações devastadoras e isolando comunidades inteiras.

A cidade de Valência, a mais atingida pela tempestade, enfrenta um cenário de destruição: veículos arrastados pelas águas se empilharam nas ruas, enquanto bairros foram alagados e casas ficaram soterradas pela lama. Imagens divulgadas mostram o rastro de desolação deixado pelas enchentes e pela correnteza, expondo o impacto severo do fenômeno climático.


Foto: Reprodução / Redes Sociais

Equipes de resgate e autoridades locais têm atuado em regime contínuo, em meio a um clima de luto e incertezas, buscando localizar os desaparecidos e apoiar os sobreviventes. A cidade vive uma corrida contra o tempo, com estradas e rotas de acesso bloqueadas, dificultando as operações.

O sistema de alerta Es-Alert, que envia notificações em massa para celulares da população, foi acionado em Valência apenas às 20h, já após o início das fortes chuvas. Nas comarcas vizinhas, como Ribera Alta, Ribera Baixa, Hoya de Buñol e L'Horta Sud, o alerta só foi disparado depois das 21h, quando muitas pessoas já estavam isoladas e as enchentes haviam interrompido diversas vias e alagado residências.

O atraso no acionamento do sistema Es-Alert gerou uma onda de críticas, com residentes e especialistas questionando a preparação para emergências. Em resposta, a Presidência da Generalidade Valenciana informou que a coordenação começou ao meio-dia e que os alertas foram liberados de forma "escalonada", seguindo dados concretos da situação climática. O primeiro aviso público, feito pela Confederación Hidrográfica del Júcar às 11h50 no X, recomendava precauções e orientava sobre áreas de maior risco. No entanto, muitos argumentam que, com o rápido agravamento das condições, a demora nos alertas pode ter contribuído para o alto número de vítimas.

Ainda no final da tarde, por volta das 16h, foi convocado o Centro de Coordenação Operacional Integrado (CECOPI), órgão superior de gestão de emergências, responsável por organizar a atuação conjunta entre diferentes equipes de resgate e apoio. Um membro da agora extinta Unidade Valenciana de Emergências (UVE), desativada em 2023, comentou que a unidade teria garantido uma resposta mais ágil e coordenada à crise: “É preferível ser criticado por excesso de cautela do que por omissão.”

Além da devastação urbana, os trens de alta velocidade entre Valência e Madri foram interrompidos. Em Málaga, a cerca de 600 km de Valência, um trem com quase 300 passageiros descarrilou devido ao alagamento das vias, mas não houve feridos. A Universidade de Valência e a fábrica da Ford em Almussafes suspenderam atividades, alertando funcionários para se manterem em segurança.


Foto: Reprodução / Redes Sociais

Mudanças climáticas e a tempestade

Especialistas em meteorologia atribuem a intensidade das chuvas ao aumento da temperatura do mar Mediterrâneo. A agência meteorológica espanhola (Aemet) emitiu alerta vermelho em Valência, indicando risco extremo de continuidade das tempestades até quinta-feira (31). A tragédia ocorre em um contexto de eventos climáticos cada vez mais extremos na Espanha, que ainda se recupera de uma grave seca no início do ano.

A cidade de Valência já viveu outra grande enchente em 1957, que transbordou o rio Túria e resultou em mais de 80 mortos. Esse desastre impulsionou a construção do Parque do Jardim do Túria, após o desvio do leito do rio, uma obra que visava minimizar danos futuros em inundações. Entretanto, a atual tempestade supera previsões e reforça a necessidade de revisão nas infraestruturas e na capacidade de resposta a eventos extremos.

Luto oficial e repercussão internacional

O governo espanhol declarou três dias de luto oficial em solidariedade às vítimas. O presidente regional de Valência, Carlos Mazón, orientou a população a permanecer em suas casas para evitar novos incidentes. Já o primeiro-ministro Pedro Sánchez alertou para que as pessoas evitem deslocamentos para as regiões mais afetadas até que a situação esteja sob controle.

A tragédia também teve repercussão internacional. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou solidariedade ao povo espanhol, ressaltando a necessidade de união global no combate às mudanças climáticas. "As imagens das chuvas na Espanha causam espanto e nos unem em solidariedade aos espanhóis. Precisamos de mais unidade nas ações entre os países do mundo para frear o avanço das crises climáticas", declarou Lula no X.

Futuro e ações preventivas

As cenas de destruição e a perda de tantas vidas despertam reflexões sobre a preparação do país para enfrentar fenômenos climáticos extremos. Especialistas reforçam que eventos climáticos estão se tornando mais frequentes e intensos, intensificados pelo aquecimento global, exigindo uma revisão das políticas de adaptação e um aprimoramento nos sistemas de emergência e alerta.

Em meio ao luto e à reconstrução, Valência e a Espanha buscam não apenas reparar o que foi destruído, mas também se preparar melhor para eventos que podem se tornar cada vez mais frequentes.

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