Carlos Lupi pede demissão do Ministério da Previdência após escândalo de fraudes no INSS
A saída ocorre após o avanço da operação "Sem Desconto"

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (2), em meio à crise provocada por um esquema de fraudes envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aceitou o pedido.
A saída ocorre após o avanço da operação "Sem Desconto", deflagrada pela Polícia Federal em abril, que revelou um esquema criminoso responsável pelo desvio de cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. A investigação apontou que ao menos 29 entidades habilitadas pelo INSS realizavam cobranças indevidas diretamente na folha de pagamento de beneficiários, incluindo filiações não autorizadas e mensalidades fraudulentas.
Como resultado da operação, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo. A ação também levou à apreensão de mais de R$ 1 bilhão em bens e valores.
Apesar de ter inicialmente adotado uma postura defensiva, Lupi passou a reconhecer publicamente falhas no sistema. Ele afirmou que o ministério vinha tomando medidas para coibir irregularidades, destacando a publicação de uma portaria em março de 2025 que endureceu os critérios para autorizar e cancelar descontos. Entre as exigências, passou a constar o uso de reconhecimento biométrico dos segurados.
A situação política de Lupi se agravou com o surgimento de indícios de envolvimento de entidades com vínculos partidários — uma delas ligada a Frei Chico, irmão do presidente Lula. Enquanto parlamentares da base, como o deputado Márcio Macêdo (PT), saíram em defesa do ministro, a pressão da oposição e de parte da própria base governista cresceu, culminando na sua saída.
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