Adriana Monteiro

Influenciadores em xeque: será o fim da era do escândalo?

O efeito dominó iniciado pela denúncia do influenciador Felca ainda reverbera. Há três semanas, o assunto segue como destaque no Fantástico (rede Globo), levantando uma discussão maior sobre a postura e a responsabilidade de influenciadores digitais. O episódio acendeu um alerta no público, no mercado e até mesmo dentro da própria comunidade de criadores de conteúdo.
Nesta semana, um novo escândalo tomou conta do noticiário: dois influenciadores se envolveram em um grave acidente de carro em São Paulo. A repercussão foi imediata e ganhou espaço em praticamente todos os canais de comunicação. Porém, a reação não foi unânime. Portais de notícias no Instagram, como Alfinetei e Gossip do Dia, decidiram adotar uma postura firme: não dar mais visibilidade a esses influenciadores. A justificativa é simples — não alimentar a notoriedade de quem se envolve em episódios que mais parecem espetáculo do que notícia.
Outro ponto que agrava a situação é a relação desses influenciadores com a divulgação de jogos de azar, prática polêmica que tem sido alvo de críticas e questionamentos éticos. Nesse contexto, a decisão de alguns veículos de simplesmente cortar o espaço para esse tipo de figura pública pode ser interpretada como um divisor de águas.
É importante lembrar que existem muitos criadores de conteúdo que vivem da internet e da publicidade, mas que trilham outro caminho. São pessoas que compartilham conhecimento, ensinam o que sabem, oferecem dicas valiosas de produtos e serviços — mas que, justamente por não apostarem em polêmicas, não chegam a ter um terço da visibilidade, tampouco um terço do faturamento estimado dos nomes mais controversos do mercado.
A pergunta que fica é: estamos presenciando uma mudança real na forma como consumimos conteúdo digital? Se até pouco tempo o escândalo era combustível para audiência, hoje começa a surgir uma reação contrária — não dar palco para quem não tem nada a acrescentar. Talvez estejamos caminhando para uma nova era, em que a relevância e a utilidade do conteúdo passem a ter mais peso do que o barulho vazio.
Se esse movimento vai se consolidar, ainda é cedo para dizer. Mas uma coisa é certa: o público, cada vez mais crítico e exigente, está aprendendo a diferenciar quem entrega valor de quem apenas busca visibilidade a qualquer custo.
E você, leitor: já parou para pensar em quem dedica seu tempo nas redes sociais? Está consumindo quem agrega, inspira e ensina, ou quem apenas vive de escândalos e controvérsias? A escolha, no fim, é sempre nossa — e talvez esteja aí o verdadeiro poder de transformação.
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