Compensação ambiental e reflorestamento: desafios e soluções para a Região Serrana do Rio
Em Petrópolis e em outras cidades da Região Serrana do Rio de Janeiro, o debate sobre compensação ambiental e reflorestamento

Com os crescentes impactos ambientais provocados por empreendimentos urbanos e rurais, cresce também a importância de medidas compensatórias e sustentáveis para a proteção dos recursos naturais. Em Petrópolis e em outras cidades da Região Serrana do Rio de Janeiro, o debate sobre compensação ambiental e reflorestamento ganha força à medida que os efeitos das mudanças climáticas se tornam mais evidentes, especialmente nas áreas com histórico de escassez hídrica e degradação do solo.
A engenheira agrônoma Carolina Rodrigues, da CR Agrícola Ambiental, destaca que a compensação ambiental é uma exigência legal prevista na Lei nº 9.985/2000, que obriga empreendimentos com significativo impacto ambiental a investir em ações como apoio a unidades de conservação, recuperação de áreas degradadas e reflorestamento. “É uma tentativa de equilibrar os danos causados pela intervenção humana. No entanto, a eficácia dessas medidas ainda esbarra em desafios como a burocracia, a má gestão dos recursos e a falta de fiscalização adequada”, afirma.
Na prática, os critérios para definir as áreas que devem receber esses projetos levam em conta fatores como a relevância ecológica da região, a proximidade com o empreendimento e a possibilidade real de execução. Para Carolina, a participação da sociedade é fundamental para garantir a efetividade das ações: “Audiências públicas, conselhos ambientais e acompanhamento de relatórios como o EIA/RIMA são formas de cobrança e fiscalização que precisam ser mais utilizadas pela população”.
Outro ponto de atenção na Região Serrana é o reflorestamento em áreas de escassez hídrica, realidade que já afeta locais como o Vale do Cuiabá, Bonfim e Posse. Segundo a engenheira, o replantio em regiões secas apresenta obstáculos como a baixa taxa de sobrevivência das mudas e o custo elevado da irrigação. No entanto, o uso de tecnologias como sementes revestidas, hidrogel e cápsulas de irrigação lenta, além da escolha de espécies nativas mais resistentes à seca – como ipê-roxo, juazeiro e pau-ferro – tem tornado esses projetos mais viáveis.
A mudança climática é outro fator que complica a recuperação de biomas. “Ela torna o clima mais imprevisível, exigindo técnicas mais adaptadas e planejamento ainda mais cuidadoso”, explica Carolina. A engenheira ressalta também que a vegetação é essencial para a manutenção dos recursos hídricos: sem ela, aumenta o risco de erosão, assoreamento e secagem de nascentes, como já vem sendo observado em áreas antes consideradas estáveis na cidade.
Projetos bem-sucedidos de reflorestamento e compensação ambiental, como os realizados em áreas urbanas degradadas e na criação de corredores ecológicos, mostram que é possível reverter cenários críticos. Além disso, incentivos financeiros como o PSA (Pagamento por Serviços Ambientais), o Plano ABC+ e editais de fomento de ONGs e governos estaduais têm colaborado para tirar projetos do papel.
Por fim, Carolina reforça a importância do envolvimento da comunidade local: “Quando a população participa ativamente, os cuidados com as áreas reflorestadas se mantêm ao longo do tempo. Isso gera não só benefícios ambientais, mas também sociais e econômicos para a região”.
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