Mulheres têm duas vezes mais olhos secos do que os homens
Hormônios, anticoncepcional, menopausa, maquiagem e tratamentos estéticos são os gatilhos entre elas. Entenda.

A doença mais frequentes nos consultórios oftalmológicos do mundo todo é a síndrome do olho seco, uma alteração na quantidade ou qualidade da lágrima. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que atinge 3 mulheres para cada homem. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, primeiro hospital oftalmológico da América Latina, neste mês é realizada a campanha julho turquesa para alertar a população sobre a importância de buscar tratamento ao primeiro sinal de ressecamento da lágrima.
Sintomas
Queiroz Neto afirma que os sintomas do olho seco são: sensação de areia nos olhos, vermelhidão, coceira, fotofobia (aversão à luz) e visão turva. Caso não receba o tratamento adequado, a condição pode causar lesões na córnea, lente externa do olho que responde por mais da metade de nossa refração. A lágrima é formada por três camadas - aquosa, lipídica e de mucina. Tem a função de proteger a superfície dos olhos das agressões externas e alimentar a córnea com o oxigênio retirado do ar.
Olho seco evaporativo e suas causas
“A principal causa do olho seco é, sem dúvida, o uso abusivo de telas que atinge todas as faixas etárias, inclusive crianças”, salienta. Isso porque, explica, na frente do videogame, celular ou computador fazemos pouco movimento com o globo ocular e diminuímos o número de piscadas de vinte para seis a sete vezes/minuto. Não por acaso o olho seco evaporativo em que o filme lacrimal tem maior evaporação responde por 70% dos casos de olho seco. A menor lubrificação pode deixar os olhos mais vulneráveis à ceratite (inflamação na córnea) e à conjuntivite, inflamação da conjuntiva, membrana transparente que reveste a parte interna das pálpebras e a parte branca do olho (esclera). A queda dos hormônios sexuais ocasionadas pelo ciclo menstrual também podem ativar este tipo de olho seco.
O risco da vaidade e a deficiência aquosa da lágrima
O oftalmologista alerta para checar a procedência dos cosméticos e maquiagem aplicados na região dos olhos. “Muitos produtos passam por testes dermatológicos, mas não são submetidos a teste oftalmológico que não é obrigatório na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) embora seja crucial para a saúde ocular. Na última semana viralizou na rede o caso de queimadura na córnea da cabeleireira, Lidiane Loureira que ficou quatro dias cega depois de usar o sérum Wepink produzido pela empresa da influenciadora Virgínia Fonseca. Queiroz Neto afirma que há um grande número de substâncias em cosméticos e maquiagem, entre elas o formaldeído, que podem causar lesões graves nos olhos, alergia e inflamação nas glândulas lacrimais. Dependendo da extensão da lesão nas glândulas lagrimais , explica, pode iniciar o processo de olho seco por deficiência aquosa da lágrima que geralmente surge em pessoas mais velhas por uma diminuição natural da produção lacrimal conforme envelhecemos. Para quem não abre mão da maquiagem a recomendação do especialista é a remoção completa ante de se deitar e a higienização da borda das pálpebras onde ficam as glândulas que produzem a lágrima com um cotonete embebido em xampu neutro para não irrita a mucosa do olho. Outra recomendação é nunca utilizar lápis na borda interna da pálpebra e descartar produtos com alteração de cheiro ou cor mesmo que não estejam vencidos.
Hormônios e outros fatores de risco
O especialista ressalta que uso de pílula anticoncepcional por mais de 5 anos ininterruptos e a diminuição dos hormônios estrogênios que tem influência na produção da lágrima durante o climatério e a menopausa estão intimamente relacionados ao olho seco por deficiência aquosa. Outros fatores que podem contribuir com o ressecamento da lágrima são doenças como lúpus, alergias, hipertensão arterial, diabetes, hipertireoidismo, Parkinson, uso de antialérgicos, descongestionantes, antidepressivos, betabloqueadores e tranquilizantes
Diagnóstico e tratamentos
Queiroz Neto ressalta que o diagnóstico é realizado em exame oftalmológico de rotina acompanhado por exames de imagem em que o paciente e o oftalmologista visualizam qual camada da lágrima está deficiente. O tratamento é iniciado com colírio, preferencialmente sem conservante para não irritar a superfície do olho, pode incluir pomadas, compressas mornas, oclusão cirúrgica do ducto lacrimal, sessões de luz pulsada, terapia de luz de baixa intensidade e outras tecnologias emergentes. A busca por tratamento ao primeiro sintoma inibe a progressão da deficiência lacrimal e devolve a qualidade de vida, conclui.
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