Supermercados de Petrópolis apresentam falta de abastecimento de arroz e limitam compra de unidades por clientes
O estado gaúcho, que passa por sua maior tragédia climática da história, responde por 70% da produção nacional do alimento. O fato compromete diretamente a distribuição do produto à população, causando preocupação aos clientes
Enquanto a população se vê imersa à preocupação crescente de uma possível escassez de arroz, tendo em vista que o Rio Grande do Sul, que passa por sua maior tragédia climática da história, responde por 70% da produção nacional do alimento, supermercados do Brasil refletem esta realidade. Estabelecimentos em todo o país já apresentam falta de abastecimento do produto. Em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, por exemplo, a compra de unidades por clientes está sendo limitada. Avisos informando aos clientes sobre a quantidade permitida para cada compra, assustam os consumidores. “Devido as fortes chuvas do RS, sendo o maior produtor de arroz, estamos limitando ao cliente 2 unidades de arroz de qualquer marca e kg”, diz um cartaz anexado em uma gôndula. Confira abaixo:
Foto: Reprodução
Apesar da incerteza sobre a falta do alimento, há também a esperança e resiliência. Diante dos desafios, surgem iniciativas criativas e solidárias, como vizinhos compartilhando suas reservas, comunidades organizando trocas, e produtores buscando soluções para a adversidade.
Vale ressaltar que a situação não se trata apenas de uma questão de abastecimento, mas também é um lembrete em relação à fragilidade da relação do ser humano para com a natureza, e da necessidade urgente de adotarmos práticas agrícolas mais sustentáveis e adaptáveis às mudanças climáticas.
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Consequências das enchentes vão além das plantações
Além de afetar diretamente as produções agrícolas, os frigoríficos e a pecuária também foram duramente afetados pela crise que assola o sul do país. Muitos animais, como porcos, bois e vacas, foram vítimas das inundações, resultando em perdas significativas para o setor pecuário. Estima-se que as perdas financeiras sejam bilionárias, considerando que as unidades operacionais e de distribuição estão praticamente paralisadas.
Para ter uma noção do impacto econômico, podemos lembrar a greve dos caminhoneiros em 2018, que causou prejuízos estimados em R$ 3 bilhões para a indústria nacional. Naquela ocasião, os preços de produtos básicos para o consumidor final aumentaram em mais de 80%.
As perdas diretas nas atividades agrícolas e pecuárias, a infraestrutura logística do estado foi severamente comprometida. Estradas, pontes e rodovias fundamentais para o escoamento da produção foram danificadas ou destruídas pelas enchentes, projetando um custo de restauração que pode ultrapassar R$ 1 bilhão para o governo.
Um exemplo do prejuízo, está na soja, que é responsável por 43% do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do Rio Grande do Sul, com cerca de R$ 116 bilhões, seguido pela produção de frango. Embora o arroz seja apenas o terceiro produto mais importante no Estado, o faturamento da produção gaúcha representa dois terços da produção nacional do cereal.
Vale ressaltar que a região Sul sedia as principais áreas industriais do país. Entre as atividades que se destacam, podem-se citar as montadoras de automóveis, a produção de vinho, a produção têxtil e o desenvolvimento de softwares de gerenciamento de empresas.
Adicionalmente, o fechamento indeterminado do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, agrava ainda mais a situação, impactando o transporte de pessoas e mercadorias na região.
Diante desse cenário, é evidente que a reconstrução não se limitará apenas à infraestrutura física, mas também à recuperação econômica e social dessas comunidades tão afetadas.
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